terça-feira, 24 de abril de 2007


Eu odeio


Eu quero amar pra sentir o mosto em estupor.
Deleitar-me por entre paredes vermelhas em sangue.
Arder em calafrios voluptuosos em torpor.
Por mais um dia ter vivido inteiro langue.

É época de Piracema. Amar para seguir a montante.
Algo que inquiete deveras meu músculo pulsante.
Tal calor implosivo que meu tato umedeça.
Amor incondicional não importa o que aconteça.

Eu quero amor por semanas
Intelecto confuso sotoposto à emoção.
Suscetível ao destino; em brumas doidivanas.
O Amor certo com predestinação.

É época de serotonina. Amar para captar cloridrato de fluoxetina.
Entrar no pico do tratamento medicinal.
Cabível de uma chuva ocular descomunal.
Sensibilizar, e tornar mulher menina.

Eu quero que me ame a dilatar meus vasos.
Devolver para a coitada da rosa seus cravos.
Entrar em meu peito como energia palpável.
Que por ela eu cometa atitude execrável.

É época de cometer sacrilégio. Sibarita intenso sem remédio.
Linguagem chula entre paredes, silêncio em respeito aos parentes.
Matinal, vespertino, ao crepúsculo. Amor que pulsa no músculo.
Fazer amor a cada instante. Tântrico, descongestionante.

Eu quero amar como um cão e seu dono.
Deixar de ser das emoções, patrono.
Ao fundo e não pelo entorno.
Escutando em estereo e não mono.
Incondicional de mãe por seu feto.
Platônico pelo burro do esperto.
Utópico com sua musa em tentação.
Correspondido mesmo longe por perto.
Obsessivo dos amores o concreto.
Doidivanas entre espasmos de paixão.
Praiano que não sobe ao concreto.
Fraternal pelo pulso aberto.
Romântico em trovas e canção.
Heróico boquiaberto.
Eterno enquanto dure o concerto.
Amor o sentimento dos incompletos.
Por linhas tortas ideogramas certos.
Menos longe da razão.
Morrer por mais um dia com intenção.

FELIPE GINI

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