terça-feira, 10 de abril de 2007

Que importa?








Eu era a desdenhosa, a indiferente.

Nunca sentira em mim o coração


Bater em violências de paixão,

Como bate no peito à outra gente.

Agora, olhas-me tu altivamente,

Sem sombra de desejo ou de emoção,


Enquanto as asas louras da ilusão

Abrem dentro de mim ao sol nascente.

Minh’alma, a pedra, transformou-se em fonte;

Como nascida em carinhoso monte,

Toda ela é riso, e é frescura e graça!

Nela refresca a boca um só instante…

Que importa?… Se o cansado viandante

Bebe em todas as fontes… quando passa?…






Florbela Espanca - A mensageira das violetas

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