terça-feira, 10 de abril de 2007



Saudade


Hoje que a mágoa me apunhala o seio,

E o coração me rasga atroz, imensa,

Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade

Minh'alma se recolhe tristemente,

Pra iluminar-me a alma descontente,

Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,

E à dor e ao sofrimento eterno afeito,

Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida

Guardo a lembrança que me sangra o peito,

Mas que no entanto me alimenta a vida



Augusto dos anjos

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